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O TEMPO PONTILHISTA: OPORTUNIDADE, A NETFLIX E A ARTE DE VIVER NO MUNDO LÍQUIDO

  • Foto do escritor: evelynrozenbaum
    evelynrozenbaum
  • 7 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

Desde sempre escutamos, admiramos e procuramos inspiração naqueles que saíram da curva, acreditaram e fizeram acontecer: Steve Jobs, Eisntein,  ... pessoas comuns, mas que viveram e acreditaram em uma outra lógica.

De tempos em tempos surgem estes lunáticos maravilhosos que encantam e inspiram o mundo com suas ideias e coragem.

Para manter a ordem, meros mortais são condicionados a seguir regras, parâmetros e protocolos – o previsível afasta o possível do caos – deixando o confortável sentimento de controle e solidez.

Bauman fala sobre o modelo de tempo pontilhista, que explora o fato da vida acontecer em ondas, onde não há a ideia de progresso nem continuidade, as histórias parecem embasadas em seu próprio universo, contexto e findo por si só.

Esta metáfora foi utilizada por Michel Maffesoli e também por Nicole Aubert (tempo pontuado) – para designar as rupturas e descontinuidades, que separam pontos sucessivos.

Procuro abordar neste artigo, a ideia das possibilidades que se tornam reais, da vida que para os que estão fora chamam de sorte, OPORTUNIDADE, “coisas que não acontecem sempre” e por aí a diante para nomear circunstâncias apostadas e vivenciadas por poucos, os chamados corajosos, malucos, inconsequentes – ou, dependendo dos rumos que tenha tomado até chamado, visto e admirado como gênio.

A característica destes momentos é sua unicidade, e valorização. Depende somente do agente, do maluco, da pessoa que a vislumbra, acredita e a transporta para o mundo a que todos chamam de real. Fico pensando nestes momentos como pontos em nossa trilha, dinâmicos, que estão soltos por ai, são livres!

Então penso naqueles videntes que pelo menos por curiosidade uma vez já foram consultados, muitos até com o intuito de “pegar” o cara, pois dizem que não acreditam…por que vão? Será que estes malucos sim, têm o dom de ler e revelar alguns destes pontos que aparecem para eles?

Estas tais oportunidades, estão aí para todos, para serem vividas, fisgadas no momento – não sei se o certo, ou pelo menos aquele no qual apareceu e único – pois não há tempo para esperar, para avaliar, para “tentar”, ele se esvai em seu próprio momento, não espera, não volta e não perdoa.

 

O tempo pontilhista libera o presente dos tormentos do passado e do futuro – que podem ter impedido a concentração e prejudicado a excitação da livre escolha em algum momento e esvaziado a possibilidade da oportunidade.

Vivemos no tempo do “agorismo”, da liquidez das relações e dos desejos. O mundo da obsolescência planejada, da efemeridade, da experiência do tempo pontilhsita, que nada mais é do que composto por instantes, de episódios com tempo fixo tal qual uma série da Netflix. Ao maratonar as séries podemos resgatar o sentimento de pertencimento, segurança e controle.

Se formos analisar a história das pessoas, do ponto atual/presente, voltamos no tempo e estabelecemos uma linha que na realidade é somente a soma dos tempos pontilhistas - veremos picos, alcançados nestes momentos de iluminação onde damos vida a estes pontos e os trazemos a realidade.

Esta linha de inteligibilidade só pode ser traçada de trás para frente (retroagindo e criando uma linha lógica do tempo ao reverso) – onde encontramos e nomeamos as conexões procurando dar continuidade e uma história (STORYTELLING) que faça sentido e traga razões, escolhas  e motivos que conectam os episódios, personagens e uma lógica.

É um caminho sem volta, em cada possibilidade indicamos o caminho para sua liberdade, incluindo toda a dor que se segue – não temos mais controle, pessoas passam a fazer parte de nossas vidas, o quanto mais concretizar estes momentos, mais tempo nos firmamos neles e os trazemos para a vida cotidiana, mundana e neste momento perde-se o caráter mágico e excitante, a surpresa, o dom de ser livre – pois já o controlamos e colocamos sob todas aquelas regras a que todos se prendem e tanto se esforçam para manter a ordem e poder respirar aliviados, guardam a falsa impressão de controle, da vida retornar e ser mantida como ela é.


…e penso novamente nestes pontos de possibilidades que hoje rondam minha cabeça, meu dia e que daqui uma hora não estarão mais aqui!

 
 
 

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