Entre métricas, medidas e distâncias – a quantos graus estamos separados dos outros e de nós mesmos?
- evelynrozenbaum

- 31 de jul. de 2023
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Tempo de leitura:4 minutos
por evelyn rozenbaum
Desde sempre medimos, o mundo nos compara, buscamos métricas para explicar hipóteses e, nos enquadrar através de respostas e números – quanto mais precisos melhor.
Afinal de contas somos lógicos, somos cobrados por resultados e estes costumam ser medidos através de cálculos e parâmetros determinados pelo próprio homem e muitos acabam nos aprisionando, fechando ângulos e nos confinando aos resultados esperados.
Esta necessidade de enquadramento e organização faz parte da natureza humana. Fomos criados com estas regras, inclusive a elas que temos que nos adaptar para sermos aceitos nas escolas, sociedades, empresas uma vez incorporados estes paradigmas vamos nos acomodando e quase todos vestindo esta armadura que nos acompanhará por muito tempo.
Nesta eterna disputa entre a aceitação e pertencimento no grupo dos normais (curva normal onde 68% dos casos estão a menos de 1 desvio padrão da média e 95% das observações a menos de 2 DP da média) e o destacamento desta massa de NORMAIS é que surgem as grandes ideias, gênios sempre posicionados fora da curva.
As pessoas que influenciaram e mudaram o mundo – o olhar do Steve Jobs, aquele cara que ia para a universidade descalça e que nunca se terminou o curso, Woody Allen que nunca passou de 1 semestre na universidade e que se destacou no High School pela facilidade que tinha de fazer mágica!!
E daí para uma infinitude de nomes, de gênios e de mais um monte de celebridades anônimas, ou simplesmente pessoas que não se adaptaram aos rígidos padrões adotados pela média, mas que também não conseguiram imprimir sua marca ao mundo.
Já dizia Albert Einstein “A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro.”
As medidas estão presentes em tudo, até em coisas que não vemos, mas conseguimos perceber quando os limites são ultrapassados. Antes da Pandemia de 2019 pouco se falava de distanciamento social, mas sempre fez parte do currículo do curso de Psicologia.
Lembro quando morava nos Estados Unidos – as medidas de distanciamento social e pessoal lá são bastante diferentes das praticadas aqui no Brasil. O que lá é tratado por distância pessoal entre as pessoas, aqui é a social. Em países latinos temos mais contato físico com pessoas, somos mais próximos, abraçamos mais, beijamos e tocamos nas pessoas.
Outra teoria interessante que temos sobre distanciamento – mais útil nos tempos atuais onde a tecnologia juntou e alinhou pontos e distâncias foi a teoria de Frigyes Karintjy (escritor húngaro) deixo claro que a origem desta teoria não é científica e sim literária - no conto de 1929, chamado “Láncszemek” – que quer dizer Correntes do livro tudo é diferente ) que dizia que todas as pessoas do mundo estavam separadas por apenas 6 graus de distância, quaisquer 2 pessoas estão distantes por no máximo 6 laços de amizade.
Na década de 1960, o psicólogo americano Stanley Milgram decidiu testar a teoria. Ele desafiou 300 pessoas a encaminharem um cartão postal, alguns dizem que foi um pacote a um destinatário específico escolhido por ele em Boston. Para isso, essas pessoas deveriam enviar o cartão/caixa a um conhecido, que faria o mesmo, até que o cartão/caixa, finalmente, chegasse ao destino.
Os cartões passaram por 6 etapas até chegarem ao destinatário final.
O experimento foi repetido em 2002, por pesquisadores da Universidade de Columbia (EUA) com 61.168 participantes e 18 destinatários definidos (desde veterinários noruegueses até estudantes na Sibéria), porém, utilizando e-mails. Apenas 324 mensagens chegaram aos 18 escolhidos. Os e-mails passaram por 5 a 7 pessoas, em média, antes de alcançarem o destino final.
Em 2016, o experimento foi realizado novamente. Desta vez, o Facebook fez o cruzamento estatístico de dados usando seu algoritmo para identificar as conexões de 1,59 bilhão de usuários.
A descoberta foi bem interessante: estamos muito mais conectados nas redes sociais do que no mundo off-line. Nas redes, o grau de separação das pessoas ficou entre 3,57e 4,57, em média. Portanto concluímos que as redes sociais aproximam ainda mais os seres humanos, pelo menos nos números, mas parece que no mundo real continuam se escondendo, agora atrás de telas, para se protegerem e manterem de alguma forma seu isolamento.
Olhando todos estes números, descobertas, especulações me pergunto sobre as relações humanas e volto a especulação dos apps de relacionamento. Semana passada li um artigo na NBC (https://www.nbcnews.com/pop-culture/lifestyle/many-online-daters-arent-seeking-actual-dates-rcna94163?utm_source=the%20news&utm_medium=newsletter&utm_campaign=15_07) entregando dados de que 2/3 das pessoas que buscam os apps de relacionamento estão ATUALMENTE em relacionamento!
Opps, algo errado no reino dos solteiros, mal-casados, e desafortunados além de precisarem de uma boa terapia!! Deixo o link para o artigo acima e encerro este artigo uma provocação e uma constatação:
PROVOCAÇÃO: Qual a distância destas pessoas com suas reais expectativas, envolvimento e satisfação com elas mesmas? Quais chances de saberem o que buscam além de uma promessa do perfeito que certamente não existe além de seu desejo infantilizado?
CONSTATAÇÃO: “Tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade”. Zygmund Bauman

IMAGEM AXP Photography

































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